sábado, 19 de julho de 2014

Macros vs Calorias - Parte 1/Macros vs Calories - Part 1






Após o desenvolvimento de alguns aspectos sobre o exercício, em específico os grupos musculares e os tipos de exercícios que existem para esses músculos, está na altura de regressarmos à Nutrição e pegarmos no que começámos há tempos atrás. Depois de ter começado a escrever este post, reparei que estava ENORME e decidi dividi-lo em 2. Esta é a 1ª parte.
Há mais de um mês, no post em que introduzi os macronutrientes (aqui), deixei no ar a ideia de em vez de contar as calorias consumidas diariamente, é preferível determinar a quantidade de cada macronutriente que devemos ingerir por dia. Vamos clarificar um pouco mais esta ideia.

Em primeiro lugar, quando decidimos seguir uma dieta, seja qual for o objectivo (emagrecer, engordar ou apenas manter o peso, levando uma alimentação saudável), o mesmo apenas se realizará mediante as calorias que consumamos por dia. Por isso, sim, saber o número de calorias diárias é importante. No entanto, o que acontece à maior parte das pessoas que conta apenas as calorias é a necessidade quase compulsiva de cumprir esse valor, descurando as fontes onde podem obter essas calorias. A título de exemplo, se uma pessoa fizer uma dieta à base de fast food, refrigerantes e comida processada mas que o intake calórico seja equivalente a outra pessoa que segue uma dieta com alimentos saudáveis, ambas as pessoas vão ter os mesmos resultados do ponto de vista do peso. A diferença está nos benefícios para a saúde e nos ganhos que cada macronutriente fornece.
Resumindo: devemos calcular o nosso intake calórico diário para servir de referência. No entanto, é a relação entre esse valor e a distribuição diária dos macronutrientes que é mais importante.

Então e como é que calculo o meu intake calórico diário?
Existem alguns métodos para calcular o número de calorias a ingerir num dia. As calorias são a medida da energia proveniente dos alimentos, logo, para calcularmos o nosso consumo energético, i.e., o nosso intake calórico, precisamos de um método que seja – o mais possível -fiável e objectivo. Mas o mundo não é perfeito. E, como tal, não existe um método perfeito. Tendo tudo isto em mente, decidi, então, abordar alguns dos vários métodos mais conhecidos no mundo inteiro: Harris-Benedict, Mifflin-St Jeor, Katch-McArdle e Cunningham. Em todos os métodos é estimada a BMR (apenas no método de Cunningham é estimada a RMR em vez da BMR), sendo o valor resultante, posteriormente, multiplicado por um factor de nível de actividade, resultando no TEE, ou seja, o número de calorias que devemos ingerir para manter o peso. Os métodos de Harris-Benedict e Mifflin-St Jeor baseam-se em aspectos como peso, idade e altura, enquanto os métodos de Katch-McArdle e Cunningham têm em consideração a massa magra (do inglês, lean body mass), obtida ao subtrair a massa gorda ao peso corporal total
.
O que são a BMR, RMR ou TDEE?
Decidi usar as siglas em inglês devido à sua universalidade e para tentar preservar o seu significado o mais possível.
BMR (do inglês, Basal Metabolic Rate) designa a taxa metabólica basal, que estima o número de calorias queimadas estando em repouso, sem actividade física, apenas mantendo a maior das funções do organismo (respirar, circulação sanguínea, actividade celular, etc).
RMR (do inglês, Resting Metabolic Rate) é a taxa metabólica de repouso. É semelhante à BMR, mas tem também em consideração as calorias gastas no processo da digestão.
Embora sejam muitos similares, a diferença é que a BMR é medida normalmente ao acordar de uma noite de sono e a RMR é medida durante o dia.
Por fim, o TDEE (do inglês, Total Daily Energy Expenditure) é o consumo energético de um dia, representa o número de calorias queimadas num dia. É estimado com a BMR/RMR e o nível de actividade. É equivalente ao intake calórico diário como nos temos vindo a referir no blog.

Agora que ficou percebido este aspecto, avançemos para a descrição dos vários métodos.


Harris-Benedict

Este método deriva de um estudo publicado por James Harris e Francis Benedict em 1919 e revisitado/actualizado em 1984. Com quase 100 anos, ainda é um método para ter em conta e só há relativamente pouco tempo se descobriu outra metodologia que permite, comprovadamente, obter resultados mais precisos.
Neste método, obtemos a BMR usando equações distintas para ambos os géneros.
  • Homens
88.362 + (13.397 × peso em kg) + (4.799 × altura em cm) - (5.677 × idade em anos)

  • Mulheres
447.593 + (9.247 × peso em kg) + (3.098 × altura em cm) - (4.33 × idade em anos)



Mifflin-St Jeor

Foi publicado em 1990, sendo uma actualização ao método proposto por Harris e Benedict, pois usa, também, equações semelhantes mas distintas para ambos os géneros. Provou-se ser 5% mais fiável nos resultados comparativamente ao método anterior, mas, à semelhança do mesmo, por não ter em conta a massa magra em vez do peso corporal, existem desfasamentos na ordem dos 10% entre indivíduos que utilizem este método.
  • Homens
(9.99 × peso em kg) + (6.25 × altura em cm) - (4.92 × idade em anos) + 5
  • Mulheres
(9.99 × peso em kg) + (6.25 × altura em cm) - (4.92 × idade em anos) - 161


Conclusões Harry-Benedict vs Mifflin-St Jeor:
Foi preciso esperar 70 anos para ser publicado um estudo que, assumindo as mesmas variáveis que o método de Harris-Benedict, se provasse ser mais fiável. Como tal, embora os valores não sejam assim tão distintos, por uma questão de princípio, para estimar a BMR usando o peso, altura e idade devemos usar o método de Mifflin-St Jeor.


Katch-McArdle

Ao contrário dos métodos anteriores, o Princípio de Katch-McArdle baseia a sua equação na quantidade de massa magra, o que é uma vantagem e ao mesmo tempo uma desvantagem: é mais exacto, mas obriga a conhecer esse valor, o que não é trivial. Por usar a massa magra como variável, funciona tanto para homens como mulheres e é finalmente mais fiável para atletas que pratiquem desportos como a musculação.
  • Homens & Mulheres
370 + (21.6 × massa magra em kg)



Cunningham

Embora também utilize a massa magra como o método de Katch-McArdle, a fórmula de Cunningham destina-se a estimar a RMR em vez da BMR. Pode ser mais preciso.
  • Homens & Mulheres
500 + (22 × massa magra em kg)


Conclusões Katch-McArdle vs Cunningham:
É quase uma questão de preferência pessoal a escolha na utilização de um destes métodos, visto que os resultados são muito próximos. A diferença entre ambos remete para aspectos já um pouco mais complexos e o nosso objectivo aqui no blog sempre foi, dentro do possível, descomplicar. Assim, pela sua vasta utilização em todo o mundo, optaria pelo método de Katch-McArdle, mas fica ao critério de cada um.

Discussão:
Bem, não é difícil perceber qual o método a usar. É necessário simplificar: se não conhece a quantidade de massa magra existente no corpo, usar a a fórmula de Mifflin-St Jeor; se, pelo contrário, conhece esse valor, para um resultado mais preciso, usar a fórmula de Katch-McArdle.
Volto a repetir que este valor é meramente de referência e, embora existam vários métodos para estimar o número de calorias a consumir diariamente, nenhum é totalmente à prova de bala (senão não se continuariam a fazer estudos sobre isto) e os resultados são relativamente próximos entre todos.

MAS ATENÇÃO !

Este ainda não é o valor do nosso intake calórico diário. A aplicação destas fórmulas dá-nos a BMR (ou a RMR) que, como expliquei acima, é o número de calorias que gastamos apenas estarmos em repouso a respirar. Como qualquer ser humano normal (i.e. não tenha nenhuma doença) não passa o seu dia todo em repouso, é necessário multiplicar os resultados obtidos pelas equações anteriores por um factor que representa o nível de actividade (do inglês, Activity Level ou AL), que é bastante fácil de perceber o que siginifica.

Factor
Descrição
1.2
Sem exercício/desporto (sedentarismo)
1.375
Exercício/desporto ligeiro (1-3 vezes por semana)
1.55
Exercício/desporto moderado (4-5 vezes por semana)
1.725
Exercício/desporto pesado (6-7 vezes por semana)
1.9
Exercício/desporto muito pesado (treinos bi-diários)

Agora, sim, após multiplicarmos o valor obtido num dos métodos por um dos factores de actividade, obtemos o nosso intake calórico diário e podemos seguir em frente. O problema surge quando as pessoas interpretam mal o seu nível de actividade e normalmente estimam-no por cima. A escolha deste factor deve ser consciente e ponderada, pois só assim é possível aproximar o resultado óptimo.

Exemplos:
  • Homem
  • Idade = 27 anos
  • Peso = 81kg
  • Altura = 179cm
  • Sem exercício

Cálculo da BMR (com estas variáveis usamos o método de Mifflin-St Jeor):

(9.99 × peso em kg) + (6.25 × altura em cm) - (4.92 × idade em anos) + 5
(9.99 × 81) + (6.25 × 179) - (4.92 × 27) + 5
BMR = 809.19 + 1118.75 - 132.84 + 5 = 1790.1

Agora multiplicamos pelo factor do nível de actividade (sem exercício = 1.2):

TDEE ≡ Intake calórico diário = 1790.1 × 1.2 = 2148.12 ≈ 2148

Neste caso, esta pessoal deverá ingerir 2148 calorias para manter o peso actual.

  • Mulher
  • Massa magra = 48kg
  • Exercício moderado

Cálculo da BMR (por conhecer o valor da sua massa magra, podemos usar o método de Katch-McArdle):

370 + (21.6 × massa magra em kg)
370 + (21.6 × 48)
BMR = 370 + 1036.8 = 1406.8

Agora multiplicamos pelo factor do nível de actividade (exercício moderado = 1.55):

TDEE ≡ Intake calórico diário = 1406.8 × 1.55 = 2180.54 ≈ 2181

Neste caso, esta pessoal deverá ingerir 2181 calorias para manter o peso actual.

Com estes exemplos vimos detalhadamente que, com um dos 4 métodos e o nível de actividade física, obtemos o número de calorias necessário para manter o peso actual. Se o objectivo passar por ganhar ou perder peso, aumentamos ou diminuímos (respectivamente) o intake calórico em 10 ou 20%, dependendo da "agressividade" e rapidez com que queremos resultados.

Como veremos no post seguinte, existem quantidades mais ou menos fixas de cada macronutriente que devem ser consumidas. No entanto, é natural que possa existir algum desfasamento em relação ao cálculo das calorias e dos macronutrientes a consumir. Com algum trabalho, com a prática e experiência, acertar estas variáveis para que tudo possa convergir para uma situação ideal vai sendo gradualmente uma tarefa cada vez mais simples e rápida.

Fontes:

---





After writing about some exercise stuff, specifically muscle groups and the kind of exercises that exist to those muscles, it’s time to get back to Nutrition e continue what we began a while back. While I was writing this post, I noticed how BIG it was and decided to split it into 2 parts. This is the 1st half.
On the post introducing macronutrients (here), I said that instead of counting your calories consumed daily, you should define your daily macronutrients consumption. We’ll clarify this idea a little bit.

In the first place, when we decide to follow up a diet, whether its purpose (getting thin, fat or just maintain weight with healthy food), we’ll only achieve this goal depending on the calories we consume. For that, yes, knowing your daily calorie intake is important. However, what happens to most people that count their calories is this compulsive need to stick with that number, neglecting the sources from where they come. For example, if one person follows a diet based in fast/processed food and sodas but with the same daily calorie intake as other person following a diet with healthy and nutritious food, both of them will eventually achieve their goals on weight purposes. The differences are health benefits and the advantages each macronutrient provides.
Long story, short: we must calculate our daily calorie intake and use that value as reference. However, it’s the relation between that value and daily macronutrients distribution that matters.

So how do I calculate my own daily caloric intake?
There are some methods that estimate the number of calories to consume daily. Calories are the food’s energy measure, hence, to estimate our energetic consumption, i.e., our caloric intake we need the most accurate and objective method. But the world isn’t perfect and, as such, there’s no perfect method. With all this in mind, I’ve decided to approach some of the best known methods worldwide: Harris-Benedict, Mifflin-St Jeor, Katch-McArdle and Cunningham. Every method estimate the BMR (only on Cunningham method we estimate the RMR instead of BMR) and its result value is then multiplied by an activity level factor which leads us to the TEE, i.e., our daily calories consumption. Harris-Benedict and Mifflin-St Jeor methods use variables like age, weight and height to their calculations, while Katch-McArdle and Cunningham focus on lean body mass which is obtained by subtracting the fat body mass from the total body weight.

What’s BMR, RMR or TEE?
BMR or Basal Metabolic Rate estimates the number of calories burnt at rest while maintain most body functions (breathing, blood circulating and cellular activity, for example).
RMR or Resting Metabolic Rate is equal to BMR except it also accounts for calories burnt throughout digestion.
Despite their obvious similarity, the difference between them is on how each one is measured. BMR is measured after one night sleep and RMR is measured during the day.
Last but not least, TDEE or Total Daily Energy Expenditure is the total number of calories you burn in a day and it’s estimated with BMR and activity level. Equivalent to daily caloric intake.
Now that this aspect is clear, we move on to the methods description.



Harris-Benedict



 This method comes from a study published by James Harris and Francis Benedict in 1919 and it was revised/updated in 1984. With almost 100 years, this method still is taken into consideration and just recently there was found another methodology which gives more accurate results.

In this method we obtain the BMR by using different equation for both genders.
  • Men
88.362 + (13.397 × weight in kg) + (4.799 × height in cm) - (5.677 × age in years)
  • Women
447.593 + (9.247 × weight in kg) + (3.098 × height in cm) - (4.33 × age in years)



Mifflin-St Jeor


It was published in 1990 and it was an upgrade to the method proposed by Harris and Benedict because it also uses similar but different equations for both genders. It was proven to be 5% more accurate than the previous method, but like that one, due to not taking into consideration lean body mass instead of total body weight, the results can vary up to 10%.
  • Men
(9.99 × weight in kg) + (6.25 × height in cm) - (4.92 × age in years) + 5
  • Women
(9.99 × weight in kg) + (6.25 × height in cm) - (4.92 × age in years) - 161



Conclusions Harry-Benedict vs Mifflin-St Jeor:
It took 70 years to publish a study proven to be more reliable and accurate than Harris-Benedict method. Although the values from both methods are similar, in order to estimate BMR using weight, height and age we must use Mifflin-St Jeor method.


Katch-McArdle

Unlike previous methods, Katch-McArdle Principle bases its equation on lead body mass. This is at the same time one advantage and disadvantage. Using lean body mass as variable makes possible to obtain more reliable results but knowing your lean body mass amount is a non-trivial process. It works for both women and men and it’s a more reliable method for bodybuilding athletes, for example.
  • Men & Women
370 + (21.6 × lean body mass kg)



Cunningham

Despite using lean body mass as variable (like Katch-McArdle method), Cunningham formula estimate RMR instead of BMR. It could be a more accurate method.
  • Men & Women
500+ (22 × lean body mass kg)



Conclusões Katch-McArdle vs Cunningham:
Using one of these 2 methods it’s almost a personal preference matter because the result values are pretty much the same. The difference between the two of them refers to more complex aspects that don’t take place here. So, “uncomplexing” it, since it’s used all around the world, take the Katch-McArdle method. (But, really, it’s up to you)

Discussion:
Well, it’s not hard to understand which method you must choose. We need to keep it simple: if you don’t know your lean body mass, go for Mifflin-St Jeor formula; if, on the contrary, you’re aware of that value, for a more accurate result, use the Katch-McArdle method.
But remember this: this value (that we obtain from one of these 4 methods) is for reference only.  Although there are lots of methods, no one is totally “bullet proof” but the results are very similar.

WATCH OUT !

This isn’t our daily caloric intake yet. The use of these formulas gives us the BMR (or RMR) which, as I stated above, are the number of calories burnt only for being at rest, breathing. A normal human being (i.e. without any disease) doesn’t spend its time at rest so it’s necessary to multiply the obtained results from the previous equations by the activity level factor (which is pretty easy to know its meaning).

Factor
Description
1.2
No exercise/sports (sedentarism)
1.375
Light exercise/sports (1-3 times per week)
1.55
Moderate exercise/sports (4-5 times per week)
1.725
Hard exercise/sports (6-7 times per week)
1.9
Very hard exercise/sports (twice a day workouts)

Right now, after multiplying the given result from one of the methods by one activity level factor we obtain our daily caloric intake e we can move on. The problem arises when most people misinterpret their activity level and often overestimate it. This factor choice must be wise and careful because that’s the only way to come closer to the optimal result.

Exemplos:

  • Man
  • Age = 27 years
  • Weight= 81kg
  • Height = 179cm
  • No exercise


BMR estimation (we use the Mifflin-St Jeor method with these variables):

(9.99 × weight in kg) + (6.25 × height in cm) - (4.92 × age in years) + 5
(9.99 × 81) + (6.25 × 179) - (4.92 × 27) + 5
BMR = 809.19 + 1118.75 - 132.84 + 5 = 1790.1

Now we multiply the result by the activity level factor (no exercise = 1.2):

TDEE ≡ Daily caloric intake = 1790.1 × 1.2 = 2148.12 ≈ 2148

In this particular case, this person should consume 2148 calories in order to maintain its current weight.

  • Woman
  • Lean body mass = 48kg
  • Moderate exercise

BMR estimation (we can use the Katch-McArdle method because lean body mass is known):

370 + (21.6 × lean body mass kg)
370 + (21.6 × 48)
BMR = 370 + 1036.8 = 1406.8

Now we multiply the result by the activity level factor (moderate exercise = 1.55):

TDEE ≡ Daily caloric intake  = 1406.8 × 1.55 = 2180.54 ≈ 2181

In this particular case, this person should consume 2181 calories in order to maintain its current weight.


With these couple examples we saw in detail that using one of the 4 methods and knowing our physical activity level we obtain the necessary number of calories to maintain our current weight. If our goal is gaining or losing weight, we increase or decrease (respectively) the calorie intake in 10 or 20%. This value depends on how fast and "agressive" we want the results.

As we’ll see on the next post, there are some fixed amounts of each macronutrient that must be consumed. However, it’s normal if there’s some misalignment regarding calories and macronutrients estimation. With some practice and experience, put all these variables working together will progressively become an easy and quick task.



Sources:

Sem comentários:

Enviar um comentário